O pensar leva ao crer

O cristianismo dá grande ênfase à importância do conhecimento, rechaça qualquer antiintelectualismo como algo negativo e paralisante e salienta que muitos de nossos problemas existem por causa da nossa ignorância. Sempre que o coração estiver cheio e a cabeça vazia, há o surgimento de um perigoso fanatismo.

O antiintelectualismo e o estar cheio do Espírito são mutuamente incompatíveis, pois o Espírito Santo é o Espírito da verdade .
(Cristianismo Autêntico – 968 textos selecionados Das obras de John Stott, Timothy Dupley. Ed.Vida 2006)

Dawkins se afogando nas próprias palavras

Nesta entrevista, o guru do ateísmo Richard Dawkins se confunde em sua própria descrença e acaba concordando com a possibilidade de uma inteligência superior ter projetado a vida. Mas, como ele é ateu fundamentalista (e vende muitos livros por conta disso), ele não chama esta inteligência superior de "Deus", preferindo convidar "ETs" para o debate... Que tipo de "razão científica" é essa? Avalie.

Ateísmo e Ciência: Craig Venter e a deusa razão.


"A ciência busca o conhecimento, mas os cientistas o reconhecimento." (Antoine Lavoisier)

O neo- ateísmo é bastante econômico em seus argumentos. O mais comum e onipresente é a invocação da primazia da "razão" e em  especial  da “razão científica”. Essa é a fórmula fantástica que faz com que eles, que estão presentes tanto no meio científico/acadêmico quanto nas comunidades para-científicas - , avoquem para si a primazia do raciocínio e do pensamento culto, impingindo aos deístas a pecha de incultos e/ou ingênuos (repetindo Freud e Marx). Tentam eles levantar uma barreira separando a fé cristã e a ciência, usando estes dois pilares: razão e obscurantismo. A primeira seria deles e o segundo seria dos crentes.

A revista Veja de 14/07/2010 trouxe uma entrevista com o biólogo Craig Venter onde este respondeu perguntas sobre seu mais recente feito midiático/científico: o transplante do código genético de uma bactéria para um ser unicelular. Inicialmente o enfoque dado a este experimento pelos meios de comunicação era algo ufanista: o homem teria imitado Deus e “criado” vida em laboratório. Na Internet foi grande o furor dos neo-ateus virtuais, felizes com “mais um” “argumento” para desqualificar a Criação como obra divina. Olhos brilharam como a dizer com um misto de alegria e (principalmente) alívio: “Vejam só! Cadê o seu Deus agora? Não há Deus; não há Deus !”

Não seria impreciso chamar os adeptos do ateísmo militantes de algo como "apologistas do acaso químico", pois suas estáticas convicções se baseiam  no poder criador do acaso, somado à eventos que desafiam as probabilidades. Fechados em suas convicções, eles não admitem outra hipótese para a existência da humanidade. 

Voltando à "descoberta", um exame um pouco menos superficial no noticiário jogou água fria nos mais afoitos: ninguém criou vida da matéria inanimada. Foi só um transplante de DNA entre micróbios de baixíssima complexidade genética. Algo que tem lá seu valor científico, mas ainda é pouco para “demonstrar” a origem da vida e seus insondáveis mecanismos.

E quem é o o vaidoso Sr. Venter, o homem que trata seu nome como uma “marca” a ser explorada, talvez como reflexo de sua assumida dupla vocação de empresário e cientista. No desempenho destes papéis, ele capitaneia um Instituto de Pesquisas (cientista) com fins lucrativos (empresário), cujo nome, por óbvio é J. Craig Venter Institute. São notáveis seus esforços para manter-se na mídia para ganhar notoriedade e patrocinadores; seja anunciando seus experimentos com alarde holliwoodiano, seja lançando-se ao mar numa “aventura científica” para coletar amostras de DNA (ele inclusive tentou patentear um ser vivo descoberto nesta viagem). O homem é, como se diz, “polêmico” e gosta da fama. Certa vez, de maneira pouco modesta, ele disse que já estava na hora de “reescrever” o código genético humano.

Pois bem, a entrevista deste senhor trouxe à tona as vicissitudes do falso conflito entre a verdadeira ciência e a fé cristã. “Incompatibilidade” esta revivida a cada descoberta de um dedo a mais num animal fossilizado ou de uma inscrição num túmulo antigo. Documentários “explosivos”, livros “revolucionários” são lançados e vendidos como água no meio para-científico.

Aliás, do segmento, científico-popularesco não se espera muito além da repetição - algo simplificada - do discurso dos cientistas verdadeiros. Não se pode levar muito a sério mídias de variedades como a própria revista Veja, ou de ciência popular como Galileu, Superinteressante, NatGeo, Discovery, History Channel e similares, bem como os inúmeros blogs e sites que pregam a ciência como sustentáculo do ceticismo.


Intolerantes e obscuros ?

Mas então o que os cientistas ateístas, oferecem como argumentos para sustentar a ideia fixa no (para eles) antagonismo intransponível entre ciência e fé? Sem nenhuma originalidade, repetindo métodos notórios de “como vencer um debate, mesmo sem ter razão”, eles chamam a “deusa razão” para seu lado e desqualificam os de opinião contrária (argumento ad hominem) . Vejamos pois a resposta muito elucidativa e involuntariamente sintética do Sr. Venter a uma questão específica:

VEJAO geneticista Francis Collins, também responsável pelo mapeamento do genoma humano,é cristão fervoroso. É possível conciliar religião e ciência?

VenterNão. É muito difícil ser um cientista de verdade e acreditar em Deus. Se um pesquisador supõe que algo ocorreu por intervenção divina, ele deixa de fazer a pergunta certa. Sem perguntas certas, sem questionamentos, não há ciência. (...)

Notemos então o brilhantismo avesso da resposta: ao mesmo tempo em que desqualifica um colega cientista tão reconhecido quanto ele (mas talvez com um ego e uma assessoria de imagem muito menores), negando que um “cientista de verdade” possa crer em Deus, o Sr. Venter vincula a crença no Criador como um limitador da curiosidade científica, como se ao crente em Deus não interessasse desvendar os meandros da natureza em prol da busca de progresso.

Ora Sr. Venter , é por isso que um “cientista verdadeiro” não pode ser crente ? Quem ou o que lhe ensinou que o estudo dos mecanismos da criação são proibidos aos filhos de Deus? O que é a ciência senão a busca da ordem racional da Criação numa contemplação esclarecida do Criador por meio da natureza? Esqueceu de expoentes históricos da ciência como Newton, Pascal e Mendel, que eram cristãos?

O biólogo Venter convenientemente parou seu raciocínio na Idade Média, quando a Igreja via a ciência como uma ameaça ao seu poderio espiritual e combatia qualquer experimento que visasse investigar os mecanismos da natureza, achando que as pessoas - uma vez cientes das estruturas da criação - tirariam Deus de suas vidas. Vale lembrar que até bem pouco tempo, a fé era a única fonte de certezas, pois não havia o domínio do conhecimento advindo do experimentalismo.

O engano dessa visão capenga do papel da Igreja e do cristianismo já foi relegado às páginas negras da História. Deus não precisa de “defensores” humanos e muito menos que eles se fundamentem no medo do conhecimento. Antes, como hoje, a ciência está ligada intimamente à Filosofia e à Teologia na busca da verdade. O cristianismo de hoje não teme a ciência verdadeira.

A busca do conhecimento e a própria ciência como a conhecemos hoje, é fruto da civilização ocidental europeia, fundamentada que foi nos princípios cristãos.

Nunca um “cientista de verdade” instalaria um “firewall” em seu software investigativo, programado para barrar a pesquisa quando ela se encaminhasse para uma conclusão contrária à suas crenças. Nunca um cientista cristão incorreria nesta limitação pelo simples motivo de que nenhuma descoberta científica passada, presente ou futura se contraporá à fé cristã num Deus Criador. Nenhuma.

O mesmo não se pode dizer dos cientistas Apologistas do Acaso Químico, limitados que são pela crença radical na inexistência de Deus. Sim, eles são radicais ao extremo e não admitem nada que possa ameaçar seus dogmas materialistas. Há casos de cientistas que foram banidos de universidades porque defendiam o criacionismo e o “design inteligente”; e muitos mais casos de segregação, numa verdadeira “Nomenklatura Científica”. Quem é “cientista de verdade”?

A ciência como busca da verdade pela experimentação não conflita com a fé em Deus Criador. Toda verdade é verdade de Deus, como dizia Agostinho.
Quem é obscuro, fundamentalista e inquisidor?

O obscurantismo não é nosso. Mas a razão, é deles?

A teoria que traz o evolucionismo darwiniano como cientificamente capaz de explicar a origem das espécies e rechaçar a criação divina tem muitas lacunas. É uma teoria, não é uma verdade científica. Mas mesmo que a teoria evolucionista “fechasse”, ela não afastaria o que os cientistas tanto temem: a existência de um Criador, pois mesmo que se comprovasse todo o caminho evolutivo e se chegasse ao “ponto fundamental da vida”, esse ente misterioso que teria “evoluído” da matéria bruta para uma célula e daí passou pelo zoológico inteiro até chegar ao homem, nem assim a pergunta fundamental seria respondida: como surgiu a matéria bruta e como esta virou vida; e vida complexa ? O nada gerou tudo? Mas isso é “científico”? Não, não é.

Alguns conhecidos Apologistas do Acaso Químico já se debruçaram sobre esta questão máxima, cientes de que dela depende todo o “resto”. Einstein reconhecia que o Universo não poderia ter vindo do nada, e remetia sua causa e seu desenvolvimento a uma “força” que, destacava ele, não se confundia com “um Deus pessoal”; Stephen Hawking também esboçou sua simpatia à complementaridade entre ciência e religião para que se alcançasse a Verdade, mas negou o conceito cristão de Deus, e hoje se preocupa com a possibilidade de ETs invadirem a Terra ;Carl Segan (um homem de fé), não cogitava largar seu ateísmo, esboçando no máximo o reconhecimento de um “deus” composto pelas leis naturais.

Mas outros “cientistas de verdade” fazem ciência “de verdade” e são cristãos. Eles reconhecem que a ciência tem como fundamento a criação e vêem nesta trilha a assinatura de um Criador.

William Thompson Kelvin (1824-1907),  físico, pai da termodinâmica disse.

Estamos cercados de assombrosos testemunhos de inteligência e benévolo planejamento; eles nos mostram através de toda a natureza a obra de uma vontade livre e ensinam-nos que todos os seres vivos são dependentes de um eterno Criador e Senhor”.

O físico Paul Davies escreveu “A Mente de Deus”, onde traça um panorama científico-filosófico para concluir que tudo no cosmo revela intenção e consciência. Disse Davies: "Acredito que as leis da natureza são engenhosas e criativas, facilitando o desenvolvimento da riqueza e da diversidade na natureza. A vida é apenas um aspecto disso. A consciência é outro. Um ateu pode aceitar essas leis como um fato bruto, mas para mim elas sugerem algo mais profundo e intencional."

John Polkinghorne, colega de Hawking no departamento de Física de Cambridge, que - depois de 25 anos de carreira acadêmica brilhante - largou tudo para se ordenar pastor anglicano e escrever livros, disse à Revista Superinteressante em 2001:

"Eu não abandonei a física porque estava desiludido com ela, muito pelo contrário: continuo acompanhando o assunto com o máximo interesse. Só não faço mais pesquisa científica. Mas boa parte dos meus livros consiste em ensinar física quântica aos leigos."Acredito que precisamos de ambas as perspectivas, a científica e a religiosa, para compreender esse mundo admirável em que vivemos."

Em nome de uma suposta devoção à “deusa razão” e empenhados em fugir de tudo o que lhes pareça “sobrenatural”, eles, os dogmáticos ateus acabam incorrendo justamente no que condenam, aceitando uma possibilidade antinatural como premissa válida. Ou pelo menos reconhecem tacitamente que a experimentação não pode chegar à realidade plena. É assim com a geração espontânea da vida.

A ciência já disse que ratos nasciam espontaneamente se roupas sujas fossem deixadas num canto de um porão por algumas semanas... A experimentação mostrou que não era bem assim. Hoje eles dizem que a vida surgiu espontaneamente de uma sopa química inicial...

Aliás, parece que alguns dos Apologistas do Acaso Químico já se deram conta da impossibilidade científica de se repetir em laboratório o processo (para eles real) de surgimento de vida à partir de compostos inorgânicos.

O Sr. Venter, nesta entrevista à Revista Veja, foi questionado sobre isso e, de modo previsível, respondeu desqualificando a importância de se recriar, a tal “sopa primordial”, dizendo que “isso não vai fazer de mim um cientista melhor ou pior” (tradução: - “Eu nem queria fazer isso mesmo”), e que “para isso teríamos de voltar 3,5 bilhões de anos” (tradução: - “Nunca conseguiremos fazer isso, vai ter que ficar na imaginação”; disse ainda: ”Construir vida do zero é uma noção arcaica na ciência” (tradução: - “As uvas estavam verdes mesmo”).

O Sr. Venter avilta o ponto fundamental de sua crença (ou de sua descrença), lhe tirando a importância e, num segundo momento, remete sua demonstração ao nível do impossível. O cientificismo ateu representado pelo Sr. Venter diz “ a base de nossa repulsa ao sobrenatural é algo que cremos, mas que não podemos demonstrar experimentalmente, que foge aos limites da ciência, que extrapola as leis naturais conhecidas, mas que supomos ser verdadeiro”. Quer maior declaração dogmática de fé no sobrenatural do que essa? É o conhecido “duplo padrão” dos ateístas: "a crença no anticientífico dos outros é burrice, a nossa é erudição."

Mas então porque gente como Craig Venter e Richard Dawkins (só para citar dois dos que buscam os holofotes com mais paixão e interesse), resistem tanto à “hipótese” do planejamento divino da vida? Porque essa militância feroz contra qualquer menção da palavra “criacionismo”? Defesa da razão e da ciência? Não. Defesa de quê então?

Se considerarmos que a dimensão espiritual sempre esteve presente na humanidade, é razoável concluir que ela faz parte da natureza humana, e como tal não pode ser suprimida arbitrariamente, mas somente substituída por outros valores. A História mostra tentativas autoritárias de substituir a religiosidade; todas sem sucesso, sendo a Revolução Francesa e o social/comunismo apenas os exemplos mais notáveis e ilustrativos de regimes ateus que não deram certo...

Estamos no momento histórico em que se tenta substituir a religiosidade pelo “racionalismo”. Mas o arremedo é evidente: os cientistas são como os novos “sacerdotes” portadores da verdade e a eles parece absurdo que não seja assim. Afinal só eles são "racionais", certo? Abdicar da vaidade de serem os “senhores da verdade”? A arrogância não deixaria.

Porém é outra a razão determinante para que existam os Apologistas do Acaso Químico: as consequencias da existência de Deus. Isso implicaria num necessário e inconveniente posicionamento, numa escolha consciente que resultaria (ou não) numa mudança de valores, de paradigmas, de objetivos e na auto-imagem. Uma questão incoveniente para a maioria das pessoas e ainda mais para alguns cientistas, que preferem atribuir a vida espiritual à ingênuos e fazer de conta que não existe nenhuma escolha a ser feita...

Quem ainda vai dizer que sua descrença se escora na razão?

“..havendo eu sido cego, agora vejo” (João 9:25)

[FR.Luz]
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"Ler é bom né" ? O ludicismo literário.


Opinião comum entre os razoavelmente instruídos é a importância da leitura como fator de aquisição de conhecimento. A mídia e a publicidade elevam o livro, o autor e o leitor à condição de protagonistas de um culto à erudição sob o dístico de “ler é bom”, como se dissesse que “ler qualquer coisa é bom” e isso nunca será verdadeiro. Eleva-se o ato da “leitura” ao nível de ritual místico de aquisição de sabedoria, não importando qual o recheio das páginas da entidade sagrada “livro”.

Ora, a leitura é só um meio pelo qual se viabiliza o compartilhamento de idéias, e sempre um juízo de valor deve recair sobre o conteúdo presumível da leitura. Parece óbvio, mas o relativismo moral apregoa que “qualquer leitura é boa” ( menos talvez a leitura que diz que nem toda leitura é boa- quem entende os relativistas?).

Em tempos de livrarias atopetadas de livros de auto-ajuda mística, romances “históricos” e obras “psicografadas” para o público adulto, além de sagas de bruxinhos e vampiros para a juventude, é inevitável refletir sobre os benefícios e estragos que obras deste naipe podem trazer.

A nocividade pode vir de duas maneiras terrivelmente eficazes: primeiro se o conteúdo da leitura for pernicioso por si próprio, deixando sementes daninhas no espírito do leitor; segundo se o teor da leitura for aparentemente inofensivo , mas em realidade danoso justamente por ser um poderoso artefato de destruição do tempo e da disposição em buscar edificação pela leitura. Por exemplo: uma pessoa que está lendo “A Misteriosa História do Gato de Cleópatra na Corte de Marco Antonio”, com 960 páginas - (título fictício, não procure nas livrarias) - não lerá por um bom tempo algo que tenha algum real valor intelectual agregado. Ponto para as trevas da ignorância (apesar de um ganho de 10 palavras no vocabulário).

Por óbvio, até a bula do Tylenol traz algum tipo de ganho intelectual ao leitor atento, e sempre haverá o argumento de que em qualquer texto há o cultivo do “hábito de ler”. Mas entendo que a mensagem prevalece sobre o meio em nossa escala de prioridades, de modo que se houver um interesse despertado nisso tudo, será em outros livros sobre bruxinhos e magos que dizem fazer chover. Na hipótese de o interesse migrar para outros temas mais edificantes, será a leitura feita com o mesmo “animus” motivador, ou seja: busca por distração, fantasia e superficialidade. Um aficionado leitor de Paulo Coelho achará muito chato qualquer livro que fale sobre espiritualidade sem discorrer sobre espadas mágicas, rituais ocultistas e sabedorias secretas... Ponto para as trevas.

Não há neutralidade espiritual em absolutamente nada, quanto menos em um meio de comunicação de idéias. Ao ler esses multiformes manuais de auto-destruição, há dano em duplo efeito: a ação de se infundir baboseiras na mente e a omissão em buscar real expansão dos horizontes mentais pela leitura edificante que se deixa de fazer.

A atitude positiva de selecionar como “perderemos” nosso tempo e paciência não pode ser confundida com intolerância à qualquer leitura que não seja “útil”. O problema é que impera no universo literário um extremo e conveniente “distracionismo”, onde se escreve “sob demanda”, pois somos também nisso conduzidos pela economia de mercado. Eles, os autores, os editores e os livreiros querem vender papel impresso e encadernado, não importando o que está escrito nele. A lógica do negócio : livro bom é livro que vende. Então as livrarias estão cheias de todo tipo de lixo lúdico e baboseira de auto ajuda.

Ao grande escritor Luiz Fernando Veríssimo, o melancólico ateu irônico, foi perguntado o que achava da inundação das livrarias por títulos vampirescos infanto-juvenis, ao que ele respondeu  que não via nada de errado em qualquer coisa que encha as livrarias, pois os editores vivem da venda de livros...

O livro é um agente poderoso. Uma vez distribuído ganha autonomia e, teoricamente, se põe para a eternidade. Tal qual um tiro de canhão, um livro vez que disparado, não volta mais à origem. São como esporos em hibernação, esperando as condições favoráveis para agir, independentemente de o autor reformular suas idéias ou a mudar seu pensamento.



Lançado ao mundo, o texto tem paciência para esperar quando um leitor o apreciará. Ele pode ficar dias, semanas, décadas num canto empoeirado da casa ou da Internet até alguém o descobrir. Um autor morto ainda continua a causar virtude ou desgraça nas gerações que o seguem.

Como cristãos, podemos entender que todo e qualquer livro que  não nos serve, também não poderá  servir para mais ninguém, devendo ser descartado para todo o sempre. Lembre-se: são sementes.



A Utilidade de uma fogueira

Dito isso, gostaria de chamar a atenção para a importância de uma fogueira caseira.

Os cultuadores incondicionais da entidade “livro” abominam qualquer alusão à destruição do papel encadernado, pois entendem isso como um atentado à cultura. Logo são invocadas as históricas fogueiras de livros levadas a efeito por tiranias obscurantistas. O livro é tratado como uma entidade monolítica portadora do conhecimento e da cultura. Um "livro" se justifica por ele mesmo. Mas será? O sistema capitalista transformou o livro (e quase tudo o mais) em mercadoria, e mercadoria boa é a que vende. Tudo o que o consumidor pagaria para ver num livro, o mercado proporciona. E nem tudo é bom. O desvirtuamento de valores atrai ? Venda! O ocultismo barato? A auto-glorificação? O egoísmo de auto-ajuda? Venda!  

Um dia vemos que nossas estantes de livros estão pesadas, mas não de sabedoria. Há muito  lixo capaz de desperdiçar tempo pelo ludicismo literário estéril, amortecer consciências e desintegrar famílias. Então, uma fogueira é legítima defesa.

O livro de Atos dos Apóstolos traz uma estória muito elucidativa: antigos seguidores das “artes mágicas” que se converteram à Verdade de Cristo reuniram todos os seus livros de ocultismo e os queimaram em praça pública, apesar do alto custo daquelas obras. Assim, extirparam as sementes do mal:

Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinqüenta mil peças de prata. Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia”. (Atos 19: 19-20)

Convido os leitores para uma busca em suas gavetas e prateleiras (não, você não pode pegar livos dos outros) e, num local seguro transformar em cinzas alguns aparatos do mal.

[F.R. Luz]
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Link para aprofundamento:

> Ainda AVATAR: neo-paganismo – nova era – e anti-cristianismo militante.

Antes tarde do que nunca. Sabendo que o assunto  já não é tão atual, mas que os efeitos da agenda oculta do filme são duradouros, entendo que ainda é pertinente refletir sobre “Avatar”, o visualmente fantástico filme eco-pagão de fantasia científica de James Cameron.
   Avatar é considerado um candidato a clássico do cinema, senão pela história, pelo menos pelos efeitos visuais inovadores. Comercialmente seu sucesso é um fato, pois nas semanas iniciais de exibição já havia batido todos os recordes de arrecadação (ajudou o fato de o ingresso ser mais caro que os filmes comuns em duas dimensões).

    “Avatar” usou recursos inéditos no cinema, dentre os quais está a técnica onde são inseridas expressões humanas em criaturas virtuais, captadas com o uso de milhares de sensores aplicados em atores reais, numa perfeita sintonia entre a arte e a tecnologia. O resultado é uma viagem para um mundo extraordinário em três dimensões. Nesta tempestade de cores e imagens, o recurso da impressão visual de profundidade foi apenas coadjuvante na fantástica visão do planeta distante imaginado por Cameron. Foram quatro anos de trabalho para materializar uma idéia que o diretor já tinha há 11 anos. Quanto aos efeitos de projeção, não há descrição que possa substituir a experiência de assistir ao filme em uma sala 3D. Então, paro por aqui.

   Já quanto ao enredo, é sim possível tergiversar sem estragar a diversão de ninguém. O gênero é ficção científica, somos transportados para o ano de 2154, num mundo onde nós, os terráqueos nos aventuramos no espaço e (surpresa), somos os invasores de uma lua de Saturno chamada Pandora. Neste distante mundo dedicamo-nos basicamente à fazer o que já fazemos na Terra: explorar recursos naturais à exaustão. No caso, o que atrai a corporação norte americana é um minério raro, escondido sob uma luxuriante floresta alienígena.

   Como seria uma natureza extraterrestre? Existiriam plantas fosforescentes, árvores gigantescas, cores esfuziantes e animais bizarros? Pois estão todos lá em Pandora, onde uma natureza hiper fértil explode nas mais variadas formas de vida animal e vegetal. Vendo e ouvindo essa exuberante floresta, nos sentimos como aqueles primeiros europeus que exploraram a natureza das Américas ou da África: extasiados. Mas, voltando ao enredo: é lógico que os humanos exploradores não estão preocupados com o meio ambiente extraterrestre. A corporação que explora os minérios é composta de milhares de trabalhadores, um exército particular de “seguranças”, uns burocratas de clichê e de poucas dezenas de cientistas - (os burocratas são tapados, os soldados são maus e os cientistas são bonzinhos). Os cientistas são encarregados de fazer o “link” entre a exploração e a população local, pois Pandora é habitada por seres humanóides inteligentes, chamados de povo Na’vi.

  Os ETs são indivíduos de pele azul, com uns três metros de altura, que apresentam o mesmo dimorfismo sexual dos humanos e que se organizam em tribos e clãs. São algo como que indígenas caçadores, que habitam em árvores gigantescas e tem um código moral baseado nas relações com a natureza. Estes seres me pareceram inspirados em algumas etnias de indígenas (da Terra mesmo, por óbvio), algo como uma combinação entre os massais africanos; cherokees e moicanos norte-americanos e os aborígenes australianos. No filme, a raça resiste como pode aos “homens do céu” (nós, terráqueos), usando flechas envenenadas contra as imensas máquinas de mineração.

   Para fugir da superficialidade de um vídeo-clip psicodélico seria preciso dar a aparência de “filosofia” (nada sério, afinal just a business), então o filme oferece o de sempre: aventura, heroísmo, vilania, idealismo, ambição, violência, dramas de consciência, relacionamento impossível em amor romântico, mediocridade, violência e clichês eco- paranóicos.

   Até aí, o enredo não difere muito dos tantos encontrados, por exemplo, em “games” eletrônicos ou em livros e filmes de ficção científica popular. Mas um aspirante a clássico precisa adentrar em temas mais, digamos, “profundos” e Cameron quis difundir sua peculiar visão da espiritualidade. Sim, espiritualidade, e aí começam os maiores equívocos de “Avatar”, (ou os maiores acertos, sob a ótica “cameroniana”).

   Antes tivesse o Sr. Cameron se restringido a contar uma história de ficção científica num cenário espetacular, tangenciando no nível mediano questões filosóficas (como o fazem sucessos de literatura infanto-juvenil como “O Senhor dos Anéis”, ou clássicos do gênero como “Guerra nas Estrelas). O filme não perderia em conteúdo e já teria garantido seu lugar na História do cinema comercial. Mas não, infelizmente Cameron deu o passo em direção ao transcendental onde até então só se falava em fantasia científica e crítica social disfarçada.

   Tratada como uma coadjuvante, a espiritualidade “avatariana” é de um simplismo cruel, dimensionada para agradar tanto os Arautos do Acaso (ateus), quanto os Místicos Sem Deus (espiritualistas, ocultistas, panteístas etc). A espiritualidade-materialista de Pandora não é como a de Stanley Kubrik, no clássico “2001 Uma Odisséia no Espaço”. Neste, o transcendental (ou a falta dele, sei lá), está sugerida nos silêncios e nas músicas e ainda referenciada numa estranha construção alienígena que acompanha os homens-macacos em sua “evolução” da bestialidade à era espacial.

   Na verdade, Avatar segue pelos caminhos ecumênico-eco-pagãos do Movimento Nova Era. O próprio termo “avatar” foi emprestado do hinduísmo e do misticismo pós-moderno pela linguagem da internet, onde passou a designar algo como uma personalidade paralela, uma figura que representa o operador real no universo virtual da rede de computadores. Assim o termo tem dupla conotação no filme, pois ao mesmo tempo em que o protagonista tem um, digamos, “corpo paralelo”, também podemos vê-lo se adequando à noção mística de “avatar” que é algo como um mestre espiritual designado a agir em determinada era.

   Até aqui são meras referências à ideologias místicas “da moda”, comuns quando se deseja dar um caráter mais metafísico a histórias comuns. Mas em dado momento, o místico se torna um dos personagens principais, interferindo no desenrolar da trama.

   Há em Pandora uma força superior que os cientistas terráqueos chamam de “rede biodinâmica” e que os nativos Na’vi materializam numa “árvore sagrada”, onde à sua volta se realizam rituais de canalização e comunicação com os antepassados mortos. Algo como “culto à mãe natureza” conduzido por um Xamã (feiticeiro). Os ETs gigantes se mostram ligados espiritualmente ao planeta em que vivem, sem maldade inata, como o “bom selvagem” de Rousseau.

   O planeta, aliás, é uma grande entidade espiritual (“Eya” a mãe do planeta) com personalidade própria, interferindo diretamente em suas sub-partes (animais, plantas e seres inteligentes). Esta é uma idéia condizente com a chamada Hipótese Gaia, um tipo de neo-panteísmo defendido por algumas correntes místicas, profetas da destruição ambiental e até por alguns cientistas e céticos, que prega resumidamente, que “deus é tudo e tudo é deus”, sendo o planeta um indivíduo vivo, e nós, só uma parte dele.

   Convenhamos que seria pouco razoável esperar que a espiritualidade embutida no filme tivesse matriz cristã. Afinal, cristianismo puro nunca foi um sucesso de público no cinema hollywoodiano (com raras e abençoadas exceções). Sempre os produtores dançaram em volta da fogueira da neutralidade e do senso comum/ecumênico.

   Para o cristianismo bíblico não há meio termo e a visão metafísica pregada mostra nítida matriz anti-cristã, pois quando se prega outra resposta que não Jesus Cristo à Grande Questão (quem somos, de onde viemos, para onde vamos após a morte ?), se está semeando o erro, o desvio e a mentira.

   Notícias dão conta que o Sr. Cameron é um entusiasta do Movimento Nova Era. Creio que as inserções condizentes com este movimento não estão no filme só porque correspondem a uma espécie de consenso pós-moderno: o homem faz parte da natureza e essa é a única coisa parecida com espiritualidade que pode ser aceita sem reservas. Creio que estamos, mais uma vez, diante de uma grande e pouco sutil doutrinação. Pandora não é cristã e lá há árvores sagradas, vozes dos antepassados e “vida emprestada”. A juventude está sendo apresentada à crença panteísta da Nova Era, onde não há Deus.

   Exatamente o inverso do que diz a crença cristã evangélica, para a qual a Criação tem o homem como ápice e, após a Queda, todos somos irremediavelmente alheios à perfeição e errados de origem, sendo que o único caminho para a Redenção é aquele proporcionado pelo próprio Criador, restaurando a perfeição do Amor pelo Senhor Jesus Cristo.

  Mas o Evangelho de Cristo, mesmo sem estar nas salas de cinema 3D, continua sua marcha triunfal através da História.

[F.R.Luz]
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Links de aprofundamento:

> O que é o Movimento Nova Era , em “vivos.com” : clique AQUI
> Avatar e a Nova Era em “Estudos Gospel” : clique AQUI
> Declaração Evangélica Sobre o Cuidado com a Criação: clique AQUI

> Luiz Fernando Veríssimo: a melancolia de um ateu irônico

Será que LFV está se tornando um ateu militante ? 

Aprendi a gostar de ler com cronistas como Rubem Braga, Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Carlos Drummond de Andrade. Os textos curtos, enfocando o lado pitoresco do dia-a-dia, sempre me fascinaram e me fizeram apreciar o hábito da leitura.

Conheci as crônicas de Luiz Fernando Veríssimo mais tarde, até porque seus temas sempre orbitaram o mundo adulto: a vida doméstica, os relacionamentos e a política. Tudo tratado com um humor ácido e ironia fina, mas também com uma indisfarçável amargura e um onipresente pessimismo fundamental. 

O próprio Veríssimo já disse que o humorista é um "decepcionado", mas eu diria que é um decepcionado que não têm lá muitas pretensões. O humorista quer fazer graça e assistir de longe, como um tio resmungão que reclama do almoço.

Eventualmente me deparo com algum escrito de LFV num jornal ou mesmo na internet e... Puxa, parece que está em curso um processo de rabugice... Além do pessimismo travestido de ironia fina, ele se afunda  no ateísmo militante, abandonando a discrição de outrora.  Parece que o circunspecto escritor agora aponta seu arsenal metafórico contra a crença em Deus, tal qual um Woody Allen brasileiro. Aliás, quanto ao ateu norte-americano, até entendo que não se poderia esperar outra coisa de alguém que traiu a esposa com a própria filha adotiva e não viu nada de errado nisso - (queriam o quê? Profundidade espiritual para gerar culpa?).

Mas quanto à descrença de LFV ou mesmo de outros escritores/ficcionistas/ateus/, como o famigerado português José Saramago, creio que é fruto de uma voluntária e contínua apatia espiritual. Que não culpem a "lógica racional" por suas crenças (ou falta delas ); LFV, como bom literato e pensador, sabe que não há, pela limitada lógica humana, razão palpável nem para crer e nem para descrer em Deus.

O que há , é certo , é o testemunho irrefutável da criação, numa Revelação Geral (1) inconteste. Esta sim é visível, palpável e sensível; e o ateísmo não oferece explicação melhor do que uma fantástica “geração espontânea”: o nada gerando o tudo. O que é tecnicamente algo sobrenatural. Já a fé cristã oferece como explicação (também sobrenatural para nossos padrões), um Fantástico Criador Amoroso. É d'Ele que LFV foge.

LFV, até o momento, optou em crer na geração espontânea e no acaso da existência, e a amargura desta escolha e de suas consequências têm contaminado seus textos  numa escala melancólica.

Continuo gostando de LFV, seus recursos e seu estilo. Mas lamento por  sua triste visão da existência. Entendo que a decepção com o mundo é algo positivo para quem busca a Verdade com “V” maiúsculo. Não há como ser amigo do mundo e amigo de Deus (Tiago 4:4). A decepção tem que ser ponto de partida de uma busca, não de chegada. 

Espero sinceramente que LFV tenha tempo e humildade suficientes para lançar-se nesta busca, pois ele me parece agora inimigo tanto do mundo quando de Deus. Que para essa busca ele renuncie à apatia e ao conformismo espirituais, disfarçados de racionalismo e mordacidade. Chega de nadar no raso (apesar de, como ele mesmo diz "os peixes serem gordos").

Levante-se Veríssimo !

“Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará.” (Efésios 5.14)


[F.R.Luz]
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(1) Revelação geral é a expressão da teologia cristã utilizada para designar a revelação de Deus a toda a humanidade através, especialmente, da obra da criação. Contrasta com a revelação especial, que se trata de Jesus Cristo e, em segundo nível, da Bíblia. [Wikipedia]

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(10 comentários "transplantados")


Marcello de Oliveira disse...
Shalom!
Uma alegria conhecer seu ótimo blog. O Eterno resplandeça o rosto Dele sobre ti!
Medite em Colossenses 2.3
Nele, Pr Marcello
Visite: http://davarelohim.blogspot.com/
e veja o texto: Paulo, um pregador extraordinário
P.s>>> Caso vc se identifique com o blog, torne um seguidor. Será uma honra!
Grato
15 de maio de 2010 16:08

Marcio Scheibel disse...
Não há razão lógica para descrer em Deus? Parece-me que falta a você ler muito ainda amigo. Comece inclusive lendo a Bíblia, aquele livro de ficção de contos sanguinolentos, preconceito e ignorância generalizadas. Depois leia sobre todas as religiões, inclusive a tragédia que a criação do monoteísmo e intolerância religiosa fez com a humanidade. Quanto a ser inimigo de deus? é como ser inimigo de Sauron, do senhor dos aneis, ou inimigo do coringa... são criaturas de ficção, deus cristão é uma figura que só continua a ser cultuada da forma errada por uma lavagem cerebral q data de séculos!!! Era pra ser outro personagem legal de um livro q pra época era razoaavelmente interessante... livros de contos são sempre interessantes, nem que seja pelo valor historico. E por favor, só não saia na rua num sábado matando todos que vc por acaso ver trabalhando, como "manda" o deus cristão no livro... Ah! recomendo que assista também ao filme ÁGORA, deve estar chegando ao Brasil em breve, gostaria de ter sua opinião a respeito, apesar de vc parecer um caso perdido... ;)
abraço


18 de maio de 2010 07:17
F.R. Luz disse...
Marcio Scheibel:
Obrigado pela visita.
Discordo de quase tudo o que você disse, mas respeito e entendo seu modo de pensar.
Deus é real para mim, e pode ser para você também, desde que você desça do ilusório pedestal da suficiência em que se encontra.
Acho até que vc tem mais fé no sobrenatural do que eu (afinal, a geração espontânea ainda carece de uma explicação, não é mesmo ?).
Quanto à sugestão de "ler", eu agradeço e a acato com bom gosto. Aliás, nada melhor do que uma fé esclarecida. Eu preciso mesmo me organizar para conseguir ler mais (tenho uma fila de uns 7 livros à espera).
Mas já estudei a Bíblia o suficiente para entender que não existe nenhum mandamento cristão para "matar". A lei antiga, do Velho Testamento, foi totalmente eliminada com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Está lá escrito.
Um cristão "fundamentalista" autêntico só vai pregar o Evangelho e viver conforme os preceitos cristãos. Nada de violência, amigo. Isso porque o cristianismo autêntico não se impõe, porque é de sua essência a LIBERDADE.
O contexto do Velho Testamento era radicalmente outro e tudo faz sentido.
Mas, tudo bem, aprendi que não é pela razão que se chega às verdades fundamentais.
É mediante um salto no abismo chamado FÉ.
Repito: pode ter certeza de que tudo faz sentido.
Mas, vamos raciocinar: como vc quer buscar a Verdade ( e eu acho que vc quer, senão não estaria lendo coisas como essa), se está avesso às possibilidades ?
Vc está parecendo alguém com uma fé irredutível .
Embora vc negue atualmente a existência da vida espiritual, vc considera a possibilidade de estar errado ?
Abraços.


18 de maio de 2010 13:16
Marcio Scheibel disse...
Eu adoraria estar errado. Quem não gostaria de nunca morrer? De ter um espírito? Por isso inventamos todas essas bobagens, pq não nos conformamos com a morte, e por sermos tão limitados e compreendermos tão pouco o mundo a nossa volta. Um sábio, acho que Platão, falou há muito tempo atrás, sobre um epilético (a epilepsia era considerada uma coisa divina ou diabolica): "-Se tudo que não compreendermos dissermos que é divino, não haverá fim para as coisas divinas". Entende? Hoje não tem nada de divino na epilepsia concorda? Nossa ARROGÂNCIA é a unica coisa que nos leva ao absurdo de achar que existe um ser superior, que nos criou à sua imagem e semelhança (nossa, põe arrogÂncia nisso) e que nunca morreremos, iremos para o "céu". Só nós ainda. A ÚNICA criatura capaz disso. Os cachorros, baleias, pulgas, e mosquitos não vão apra o céu. Só o homem vai para o céu. Claro, foi ele quem criou deus, entao ele favorece a ele mesmo. Mata todos os outros animais mas merece viver para sempre... eita animalzinho arrogante esse bicho homem.
Eu acho que bilhões de anos de quimica fervescente poderiam sim, gerar alguma coisa diferente, mas concordo q ainda falta muito pra explicar isso, e nao temos bilhoes de anos de pesquisas para ver se daria certo. A idéia de a vida vir de outro planeta explica tudo sobre a terra e nada sobre a origem da vida, é a famosa teoria da "batata-quente", passei o problema para outro planeta.
Falando em "batata-quente", deus faz a mesma coisa tb, criamos alguem mais poderoso para nos explicar... e quem criou esse alguem mais poderoso? sera q deus fica la no seu canto tentando entender? deus: - "da onde será q eu vim? quem me criou? deve haver alguem superior q me criou..." :D
Sem falar q esse deus pra onipotente falta um cérebro não? ele criou um monte de leis no primeiro testamento e mudou tudo no novo? é nisso q vc acredita? (outras pessoas de fé já me disseram o contrário, e dizem q jesus diz algo diferente, mas normalmente as pessoas de fe nao leram diretamente a biblia)
Me parece bem falha essa criatura q muda de ideia em poucos seculos. E q falou tanta bobagem e tanta mentira em seus livros sagrados. E que criou criaturas carnivoras (inclusive nós) e proclamou uma lei -NÃO MATARÁS????? Pra ignorância da época em q o livro foi escrito, até se entende tantos erros, mas pra um carinha onipotente???? daí não faz sentido nenhum, concorda?

20 de maio de 2010 08:15
F.R. Luz disse...
Boa tarde Marcio.
As questões que vc levanta são complexas .
Mergulhar raso não é com você mesmo - pelo menos em alguma coisa nos parecemos.
Reconheço que a espiritualidade do modo que vc a concebe é mesmo de frágeis alicerces. Mas entendo que não é tão simples.
Buscar com nossa lógica o porquê de coisas que não alcançamos a dimensão certamente pode resultar em aberrações. O deus-trovão, o deus da colheita, o deus da fertilidade, a comunicação com mortos... Tudo isso daria um sentido “artificial” à existência e às agruras da sobrevivência.
Mas, sejamos realistas: a humanidade já abandonou tantas práticas que se mostraram meros artifícios de sobrevivência, mas a questão da espiritualidade não dá mostras de fraqueza até nossos dias. Pelo contrário: a cada dia surgem novos e estranhos enfoques espirituais .
Claro que podemos creditar à preguiça e à conveniência o fato de muitos dizerem-se religiosos, mas e todo o resto ? Seriam todos ignorantes medrosos ? A maioria das pessoas crê que há uma realidade espiritual intangível e isso é um fato incontestável.
Se um fenômeno que é permanente na caminhada humana não quer dizer algo... então a ciência terá que rever muitos conceitos...
Não procede a tese da "bóia do desespero", pois se vc for numa igreja cristã, vc vai ver que há pobres, ricos, analfabetos , doutores... A tese da “bóia de salvação” não resiste aos casos concretos.
Bom, esse meu argumento por si só não “prova” nada, mas se a espiritualidade fosse um mero artifício da imaginação em prol da sobrevivência, será que o mundo já não teria abandonado totalmente esta idéia (ou pelo menos o mundo dito “civilizado”?). Tivemos muito tempo para isso.
Será que só o "medo da morte" faz com que missionários como Livingstone abdiquem de uma confortável vida na Europa para se embrenhar na selva africana ? Seriam pessoas como ele, estudadas e lúcidas, apenas medrosos de um deus malvado ? Acho que não.
Se vc estudar a vida dos grandes missionários, verá que eles dedicaram a vida a uma causa desconfortável e perigosa. Mas viveram felizes e morreram em paz.
Não se pode dizer o mesmo de alguns baluartes do pensamento humanista. Nietzshe, Freud, Hummes, Locke levaram vidas atormentadas e suas idéias só reproduzem uma dança em torno do vazio. Cheios de perguntas sem resposta. Não servem como guias de ninguém que busque a Verdade.
Já li que a conclusão filosófica sobre o sentido da vida é este: REPRODUÇÃO. Isso mesmo. Os doutos filósofos humanistas, após debruçarem-se sobre as obras de seus mestres, chegaram à conclusão que o sentido da vida humana é..... Gerar outra vida humana.
Serve para você ?
Isso nos causa inquietação. Se o sentido da vida é só reproduzir-se, algo não fecha nesta conta. ? Se eu não estou apto à reprodução e à manutenção da prole, devo então morrer ? Ou melhor: ser morto ? É como dizer que um carro só existe para queimar combustível.
A resposta filosófica não explica muitas coisas... por exemplo: por que temos códigos morais “de nascença” ? Porque nos inquietamos com a segura estagnação ? Por que temos sede de conhecimento que nada tem a ver com a sobrevivência ? Por que achamos errado matar? Acho que a resposta filosófica não serve para ninguém, mas é aceita por alguns por absoluta falta de opção. Ou eles crêem nisso ou na transcendentalidade da vida, o que para eles é fora de questão, pois forçaria uma nova postura diante da existência.
Vc diz que os crentes crêem porque “precisam”. Eu acho exatamente o contrário: os descrentes “precisam” descrer e a busca por motivos para “justificar” a descrença não é lá muito racional não... Há muitas concessões ao improvável, mais até que os crentes...
Na verdade somos mais do que animais pensantes porque temos o “gene de Deus” que nos inquieta.
A Bíblia diz que o homem é uma criatura composta do “pó da terra” (os mesmos elementos químicos da terra estão presentes na composição do corpo humano), mas que também tem um “espírito” que lhe vivifica de modo diferente, a ponto de ser o dominante sobre todas as outras formas de vida e inteligente a ponto de questionar a própria existência.
A cultura mundana tem a vida como centro e o fato de constar na Bíblia coisas como a morte de pessoas por ordem e consentimento de Deus causa escândalo.
Mas entendemos que Deus é o dono da vida, e como Ele a dá sem nós sabermos como, Ele a tira de acordo com Seus propósitos. Não compreendemos isso direito, pois nosso padrão é “ a vida na terra é boa, logo qualquer coisa que não seja conforto e vida boa é ruim”. Só que a realidade de Deus é para nós incompreensível. Estamos falando de Vida Plena e não desse intervalo da eternidade que passamos neste mundo. Por fé, que é justamente admitir algo que a nossa percepção não capta.
Sobre a Bíblia, poderíamos falar por semanas, mas eu lembro que a tese de ela ser um livro fantasioso não prospera quando consideramos o seguinte:
SE eu fosse alguém encarregado de elaborar uma religião para manter um povo sob o domínio de uma ilusão, eu não faria nada parecido com a Bíblia.
A Bíblia mostra homens falhos que erraram feio (Davi, Salomão, Jonas etc) ; mostra situações de desgraça e punições; não esconde tragédias nem erros; mostra mensagens enigmáticas, com símbolos (Apocalipse); faz profecias ( o que é muito perigoso, pois se elas não se cumprissem, a farsa cairia) e etc...
Um bom livro de religião falsa seria aquele que nos retirasse qualquer responsabilidade por nossos erros; relativizando nossas atitudes; que nos prometesse infinitas chances de aprimoramento (com reencarnações, por exemplo) ; que exaltasse a natureza humana como perfeita...
SE eu fosse encarregado de fazer uma religião para distrair as pessoas, eu a basearia num livro “redondo”, cheio de histórias de pessoas perfeitas (que seriam os iluminados guias); criaria modelos inatingíveis de perfeição, mas com mandamentos leves e obrigações rituais simples; amenidades e promessas alegóricas ( como um céu com 70 virgens e rios de leite e mel, por exemplo); sem profecias, só generalidades...
Mas a Bíblia não faz isso. A mensagem dela é dura e até desconfortável: esta vida é um rascunho da vida real, pois a humanidade voluntariamente entrou em desarmonia com a Criação. Esta desarmonia causa destruição de todo o sistema e a morte, mas o Criador oferece UMA oportunidade de re-ligação com nossa essência perfeita: o amor de Jesus Cristo; somos miseráveis por estarmos em desarmonia com a força Criadora. Essa não é uma mensagem simpática para quem tem o hedonismo como meta, mas é uma mensagem que nos reconcilia com nossa verdadeira essência. É o sentido da vida.
Complexo ? Sim. Incompreensível? Sim. Mas VERDADEIRO para quem decide reconhecer que não merece mesmo nada mais do que alguns anos rastejando nesta terra e ACEITA como presente não merecido a reconciliação por Jesus Cristo (aquele que mudou a História em apenas três anos)
Como eu vou te “provar” que isso é verdadeiro ? Não tenho como, até porque Deus nunca quis que a humanidade cresse pela observação do óbvio (aí a crença seria por medo, e não por amor).
O que eu posso te dizer (eu e milhões de pessoas em todo o mundo), é que a partir do momento em que vc toma a decisão de CRER em Jesus Cristo como o ÚNICO meio de te tirar da lama do mundo e entrega a Ele os rumos de sua vida, a presença d’Ele se torna REAL e vc, aí sim, vai sentir a realidade espiritual.
O cristianismo não é nada confortável. Temos que abdicar do que nossa natureza humana mais preza: nossa suficiência.
A diferença entre o cristianismo e os outros sistemas religiosos é essencialmente esta: enquanto nas outras religiões tem-se o homem buscando a Deus, no cristianismo é Deus que busca o homem (T. Arnold).
Como vc pode ver, tudo depende da vontade de conhecer Deus. Quem não quer, não acha. Mas quem quer de todo o coração ACHA, ou melhor; ELE o acha.
E isso é uma decisão pessoal e intransferível.
Mas a razão NÃO afasta Deus, e toda verdade é verdade de Deus.
Um abraço.
Podemos continuar a conversa.

20 de maio de 2010 08:19
Marcio Scheibel disse...


Tinha escrito um post gigantesco aqui, infelizmente deu erro e desapareceu do histórico :(
estou com preguiça de escrever tudo de novo, com as frases citadas e tudo, entao só jogando as idéias (vai ficar bem raso):
Toda maioria é burra.
Na hora q vc diz q tivemos tempo para largar as superstições religiosas, só tenho a dizer que desde o século III, IV, homens seguindo a biblia iniciaram uma dominação do mundo ocidental e queimaram LIVROS e PESSOAS que ousavam tentar pensar, ou discordar dessas mesmas superstições, tivemos tempo de largar isso? Foram ensinados mundialmente a acreditar nisso desde crianças (lavagem cerebral)... poucos conseguem escapar da "matrix"...
Tenho ASCO das partes da Bíblia que falam da superioridade do homem em relação aos outros animais. Muito de ruim no mundo hoje é embasado nisso.
Vc disse q nós dois não tínhamos provas. Eu sou um cara legal e correto. Se eu estiver errado, e vc certo, provavelemnte irei para o "céu".
Se for o contrário, o despreza q vc cita pela vida é absurdo e revoltante, caso não exista nada depois (eu certo e vc errado). Ou seja, suas crenças são muito mais nocivas do q as minhas. Eu quero q as pessoas sejam boas e q prezemos a vida AQUI. Não existe nada de errado em prezar sua vida, em valorizar-se, em dar crédito a vc mesmo. Vi recentemente uma pessoa q conseguiu finalmente algo q queria há muito tempo. e daí postou "Obrigado DEUS, nao deixa de me proteger viu?" falaserio, isso q é falta de autoestima!
Essa coisa de agradecer papainoel/deus/jesus/alá/yoda é outro problema, lembra a piada dos médicos e cientistas q ficaram noites em claro tentando salvar a vida de uma pessoa num acidente, conseguiram salvar ela. A primeira coisa q ela diz ao reporte qndo esta consciente de novo é -Só tenho a agradecer a Deus" (palavrão aqui  não!) Deus nao fez m* nenhuma, foram os médicos sua cabeça-oca!!!
ficou um baita resumo, e provavelmente esqueci inumeros pontos, mas dessa vez vai ficar só isso. Peraí, deixa eu recortar e colar antes de clicar em enviar..... :D


21 de maio de 2010 05:18
F.R. Luz disse...
Boa tarde.
Vou tentar ser mais objetivo, já que estamos na tréplica. Vou só contra-argumentar o que vc disse neste ultimo comentário:
I ) “Toda maioria é burra” - Bom, isso é meio simplista, pois a maioria também acha que democracia é o melhor regime, que liberdade de expressão faz bem, que a jornada de trabalho não deve ser opressiva, que fumar faz mal para a saúde; que escovar os dentes é recomendável... e por aí vai. Nem sempre isso se aplica, ainda mais se tratando de um assunto no qual a humanidade sempre pensou. Aliás, se a maioria acha que a maioria é burra, não será isso também uma burrice ?

II) Seu argumento de que nos séculos medievais a religiosidade foi imposta à força no OCIDENTE, não prospera porque o ORIENTE é tão ou mais religioso (no sentido de buscar a vida espiritual).
No tocante à fé cristã, houve um movimento inverso: os cristãos fiéis foram perseguidos pelo romanismo e queimados como hereges, pois o catolicismo deturpou tanto a doutrina de Cristo que tornou a fé um mero instrumento político de dominação. Aliás, a Reforma Protestante teve como um dos fundamentos a LIBERDADE INDIVIDUAL de se escolher e professar a crença que bem entender (ao contrário do que acontecia, quando os reis impunham a religião aos súditos).
A essência do cristianismo é a liberdade. Não confunda os erros históricos do catolicismo com o cristianismo (que sobreviveu).

III) A “superioridade” que a Bíblia diz ter o homem sobre os animais nunca pode ser confundida com outra coisa senão a presença do “gene de Deus” em nós. Nunca existe autorização para destruir a natureza irracionalmente, até porque a flora e a fauna são partes da sagrada criação de Deus. Nós, humanos somos o ápice das criaturas . Isso até a ciência reconhece.
.
IV) Sobre ser “legal e correto” e ir para o céu, tudo depende da visão que vc tem de legal e de correto. Explico: a Bíblia diz que TODA a humanidade (incluindo eu, você e o Lula), usando do livre arbítrio (presente só nos humanos) ERROU. Todos “pecamos” (pecar etimologicamente quer dizer ‘errar o alvo’), e este erro voluntário provoca INSTABILIDADE na Criação e conseqüente INVIABILIDADE de todo o sistema. A morte decorrente desta inviabilidade seria o destino certo. Mas nós ainda estamos vivos porque há um jeito de restaurar o equilíbrio... O resto vc já sabe. Se houver (e há) outra vida além túmulo, não vai adiantar de nada ter sido “legal e correto” nesta vida. Sozinhos não conseguimos re-estabelecer o equilíbrio.

V) O cristão preza, e muito, a vida AQUI. Não existe nenhuma orientação ao suicídio para se chegar ao céu. A Bíblia diz que temos que respeitar a nossa vida, nosso corpo porque somos “templos do Espírito Santo”;

VI) Os cientistas, médicos, bombeiros e etc não seriam nada sem Deus, aliás, nem existiriam. Deus não é uma espécie de gênio da lâmpada. Deus faz o inexplicável (milagres), mas a forma comum d’Ele agir é orientando a própria normalidade. A pessoa qdo agradeceu a Deus, agradeceu ao fato de poder ser atendida por aqueles médicos quando precisava e de ter Deus agido em todas as variáveis envolvidas no salvamento de uma vida (desde uma ambulância estragada até uma septicemia. Oos médicos também tem suas limitações.

O fundamento da ciência é a Criação.
Toda Verdade é a verdade de Deus.
Um abraço.

> Mestres e aprendizes/ Aspirantes e Generais

Como um grupo deve harmonizar e aproveitar a dinâmica das fases da vida de seus componentes em prol de resultados, equilibrando a experiência e impulsividade construtiva. Exemplo da organização militar.
A organização militar é baseada em duas regras fundamentais: hierarquia e disciplina.A primeira estabelece quem manda e a segunda diz que se deve obedecer a quem manda. Básico. Ou seja: a hierarquia é o alicerce da ordem que a disciplina exige. Simples e comprovadamente eficaz para os fins a que se propõe.

A hierarquia comporta alguns valores embutidos, dentre eles a meritocracia e o respeito aos mais velhos. Há uma presunção natural de que o superior hierárquico tem, se não mais preparo, pelo menos mais "sabedoria operacional", como resultado da experiência de vida, pois no Exército geralmente os mais velhos são os mais graduados de cada círculo. Assim, os mais experientes e os mais jovens formam uma estrutura consagrada pela História como bem sucedida.

Mas por que dá certo ? Simples: esta estrutura reconhece a dinâmica das fases da vida e a usa em favor da empreitada. Os mais experientes são naturalmente guindados às atribuições de comando estratégico, coordenação e administração. Aos mais jovens, recém egressos das escolas de formação - ansiosos por aplicar seus conhecimentos acadêmicos e naturalmente inquietos - é destinada a ponta de lança do serviço operacional, onde são bem vindas a impetuosidade, o entusiasmo por vezes inconsequente, e a sede pela ação de campo.

Usando bem o ritmo etário natural, a força e a direção se combinam. Ambos são essenciais: o Coronel e o Aspirante; o novato e o veterano; o sênior e o júnior. Sem a visão racional do primeiro ou sem a impulsividade construtiva do segundo, a tropa, a empresa, o organismo é que sofreria.

Um grupo assim formado estabelece uma ponderada divisão de papéis em favor de resultados. No grupo dos Apóstolos do Senhor Jesus Cristo também havia esta amalgamação de atitudes, misturando jovens e maduros.
Só com entusiasmados neófitos a organização pena por falta do conhecimento prático e de visão integrada que lhe amalgame as ações para o sucesso operacional. Só com os experientes, a organização perde em agilidade, dinamismo e inovação, tendendo a ser vagarosa, conformista e tecnocrática.

Parece óbvio, mas às vezes o óbvio precisa ser lembrado. O que não faltam são novas posturas que exaltam à juventude como mola soberana do sucesso ou líderes que entendem que sua experiência é o bastante para a organização. Exércitos, empresas, órgãos públicos, igrejas, escolas, times de futebol... Todos os organismos sociais precisam da serenidade que a experiência traz, em harmonia com a esperada disposição dos neófitos.

[Fabrício R. Luz]

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Link para aprofundamento

> O Rei Relativista

Uma alegoria sobre o afrouxamento da convicção do que é verdadeiro e do que é falso, e as consequências reais desta confusão oportunista;

> Carl Segan: um homem de fé ?

O astrônomo norte americano, ateu militante e entusiasta da busca de vida extra terrestre, mostra-se contraditório e extremamente crente no improvável cientificamente.
O festejado Carl Sagan, astrônomo americano, conhecido pela série “Cosmos” foi autor de muitas obras onde, usando de ciência e pseudo-ciência (aquela que especula sobre o que não sabe, mas estabelece tais especulações como verdades), pregava - em suma - que a idéia de um Deus era primitiva - como aliás os ateus em geral o fazem.

Pois o curioso é que ele foi um dos maiores entusiastas e idealizadores do projeto SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence, que significa Busca por Inteligência Extraterrestre).

Neste projeto, o objetivo é analisar o máximo de sinais de rádio captados por radiotelescópios terrestres (principalmente pelo Radiotelescópio de Arecibo), a partir da idéia de que se existe alguma forma de vida inteligente no universo, ela tentará se comunicar com outras formas de vida através de ondas eletromagnéticas (sinais de rádio), pois estas representam a forma de transmissão de informação mais rápida conhecida. (Wikipedia).

Entendia Sagan que se a resposta vinda do espaço representasse um conjunto de números primos, isto seria um sinal inequívoco de que uma inteligência superior havia entendido a mensagem e respondido.

O curioso, é que o mesmo Sr. Sagan não reconheceu uma inteligência superior nas bilhões de complexas combinações químicas necessárias para que a uma simples célula viva exista.

Ou seja: uma sequencia de cinco números faria o escritor/cientista/ateu militante crer numa inteligência superior; mas os organismos vivos, com toda sua complexidade indicavam para ele somente um acaso, uma coincidência...
O que há de "científico" nesta óbvia incoerência ?
De qualquer maneira o Sr. Sagan, morto em 1996 aos 61 anos, já deve ter enfim descoberto a verdade.

Infelizmente tarde demais.
É preciso muita fé no improvável para ser ateu.

"Nenhum homem diz 'Deus não existe', a não ser aquele que tem interesse em que Ele não exista". (Agostinho).

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[F.R. Luz, sobre texto constante no livro “Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu", de Norman L. Geisler e Frank Turek, Editora Vida]
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Links para aprofundamento:
Projeto S.E.T.I
Como funciona o Projeto SETI

> "Preconceito" é sempre um palavrão ?

A palavra não é sinônimo obrigatório de “segregação” e “intolerância” e pode significar também nossa memória de experiências agindo a nosso favor. O “Preconceito” pode ser também uma ferramenta.

Em nossa era pós-moderna (1) é de bom tom ser “contra o preconceito”, seja ele de filosofia, ideologia, sexo, cor, “orientação” sexual ou mesmo o “preconceito” em seu próprio significado. Politicamente correto e aceitável, nos meios tidos como intelectualmente avançados e de vanguarda, é que não se deve ter “preconceito” algum. Tudo deve ser aceito, menos a idéia de que nem tudo deve ser aceito...

Toda vertente, toda escolha, toda tendência, toda aparência, toda idéia, todo movimento, toda ação deve ser “respeitada”, ou melhor: “considerada”, “reconhecida como válida”, pior: "absorvida".

Ai de quem viola tal mandamento. Será tido como um retrógrado, um reacionário, um troglodita. Um “preconceituoso” enfim. Tem-se a tolerância irrestrita como regra, como corolário da diversidade cultural. Mas afinal, o que é um preconceito ?

No dicionário a palavra pode significar desde um “Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos, uma idéia preconcebida”, até um “julgamento precipitado ou intolerância”.

Norberto Bobbio dizia, sob a ótica sociológico/política, que o tal “preconceito” seria uma opinião errônea, aceita passivamente, sem passar pelo crivo da razão. Algo com bases irracionais que daria origem à generalizações superficiais e estereótipos como “todo alemão é prepotente”.

Mas será que as bases de todo “preconceito” (no sentido de idéia pré-concebida), são mesmo irracionais?

Ninguém em comunhão com princípios éticos basilares pode argumentar em favor da opressão motivada pela etnia, cor da pele, sexo, condição social ou religião. Não se está aqui defendendo o “preconceito” como sinônimo de “intolerância”, traduzida como segregação, violência e opressão.

Mas o fato é de que até o preconceito como “idéia preconcebida” é alvo de repúdio dos patrulheiros da civilidade, afinal, se prega que “tudo é válido, tudo é verdadeiro, tudo são pontos de vista diferentes de uma mesma realidade” e insurgir-se contra isso é imperdoável. Será?

Ter uma opinião preconcebida sobre algo sempre foi um mecanismo racional (sim) de defesa da humanidade, pois tudo o que faz parte de nossas vidas é passível de convalidação íntima, explícita ou velada.

Imagino um homem primitivo vendo ao longe a aproximação de guerreiros de uma tribo rival e, num salto de milhares de anos, despojar-se de seu “preconceito”, abstraindo que não se devia fazer um pré-julgamento do grupo que se aproximava, quem sabe eles poderiam apenas estar tentando um diálogo amistoso, ou mesmo passeando...

O preconceito em seu bom sentido nada mais é do que o fruto da experiência acumulada, uma voz que diz: cuidado! Uma exteriorização da percepção histórica individual ou coletiva sobre determinado objeto. Um “banco de dados” que o cérebro aciona perante determinada situação.

Sem o “bom” preconceito, estaríamos sempre condenados a redescobrir a roda. Tenho preconceitos sim. Todos temos. Eu acho, por exemplo, que um desconhecido parado numa esquina, sem aparente motivo e que observa atento o movimento dos transeuntes, é um potencial assaltante. Acho que um automóvel com placa de uma cidade litorânea tem sim mais probabilidade de estar com a lataria corroída, apesar da boa aparência. Acho também que um médico brasileiro formado numa Universidade da Bolívia tem menor preparo que um profissional diplomado numa conceituada instituição nacional. Onde está a “irracionalidade” de Bobbio nestes exemplos ? É preconceito ? Sim, mas e daí ?

Mas o preconceito “bom” é uma ferramenta, não um fim. Assim, em condições normais, não vou chamar a polícia para interpelar o homem da esquina sem que ele faça algo que reforce minhas suspeitas, afinal ele pode estar esperando a namorada que trabalha na casa em frente. Mas prestarei muita atenção.

O “bom” preconceito, tido como uma memória de cautela, também é dinâmico: Se um dia as pessoas que usavam tatuagens eram vistas como prováveis marginais egressos de penitenciárias ou marinheiros desajustados, isso não prevalece atualmente, dias em que qualquer adolescente de mau gosto faz uma tatuagem na esquina.

Porém o mais grave é ser conivente com produtos mentais que agridem a ordem natural: idéias, ideologias, filosofias... Aliás, também tenho preconceito contra idéias que agridem minhas convicções mais sagradas.

Não admito, por exemplo, considerar os argumentos dos que pregam o suicídio como “uma escolha”, dos "filósofos" da pedofilia que pregam a sexualidade infantil; dos anticristãos de todos os naipes; dos segregacionistas raciais, dos devotos do ódio, dos arautos do desvirtuamento de valores morais, dentre outros.

Absorver como válida uma ideologia, uma filosofia ou visão teológico/religiosa “até que se prove o contrário” pode ser muito prático para quem tem frouxos seus fundamentos morais, para quem não tenha lá muita certeza do que crê, para quem é conveniente achar que tudo é verdadeiro e falso ao mesmo tempo (assim se pode escolher o que será aceito como certo e errado).

Sim devemos todos ser tolerantes, desde que o ente tolerado não agrida nossos valores mais caros ao ponto sermos nós e nossos valores ou eles os que permanecerão em pé.

Não se trata de repúdio irracional, mas de resistência ativa e racional contra um oponente que assim, despretensiosa e suavemente, quer destruir nossos alicerces morais e nos empurrar goela abaixo o seu ideário.

Não se pode, assim, confundir de modo simplório a intolerância irracional com a realidade de que um acervo de experiências pode sim adiantar (por um processo lógico-indutivo) o provável resultado de um evento iminente, alertando os mecanismo internos de reação do indivíduo.

Dessa maneira, resistir ao discurso raso da aceitação inconteste é sinal de convicção, personalidade, brio e fé.
Qualquer outra atitude não passa da pior qualidade de relativismo: o relativismo moral.

[F. R. Luz]
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Link para aprofundamento:

(1) Definindo o Pós-Modernismo.